Algumas Questões (para “perder o sono”ou “arrepiar os cabelos”)

 

nA Profissão Docente é:

             lImportante ou Irrelevante?

Se é Irrelevante:

mPor que países que se desenvolveram tiveram de investir pesado em educação?

mPor que, para cada ano de escolaridade da mãe, há uma significativa queda da mortalidade infantil, bem como de doenças do filho?

mPor que as pessoas que passaram por uma boa educação escolar tendem a ter um maior desenvolvimento humano?

mPor que há tanto discurso de políticos prometendo educação de qualidade?

mComo exercer a democracia, decidir conscientemente, sem acesso consistente e crítico a informação de qualidade?

Se é Importante:

mPor que efetivamente não se valorizam os profissionais da educação?

mPor que há tantas escolas em situação precária?

mPor que, tantas vezes, o discurso da importância da educação não passa disto, qual seja, de discurso?

mPor que a sociedade tolera o histórico e enorme fracasso da escola?

mA quem, de fato, interessa uma educação de qualidade democrática?

 

             lComplexa ou Banal?

Se é Complexa:

mPor que tanta gente dá palpite?

mNão é de fazer pensar o fato de que os dois articulistas que mais falam de Educação na revista Veja sejam economistas?

  mPor que praticamente qualquer um pode ser professor?

Se é Banal:

             mPor que há tanto fracasso (não-aprendizagem, baixo desenvolvimento humano, repetência, evasão)?

 

nFormação Docente

  mO que é mais fácil: formar um profissional que nada sabe sobre o futuro ofício, ou um profissional que já tem noções equivocadas do ofício (cf. Imprinting Escolar Instrucionista)?

 

nDificuldade de Aprendizagem x na Aprendizagem?

 

nProblemas na Aprendizagem do Aluno ou na Ensinagem da Escola/

   Professor?

             mComo há tantos anos já interrogava a Profa. Cecília Collares (Unicamp)...

 

n200 dias letivos, para quê?

mQuem conviveu com Darcy Ribeiro (1922-1997), nos seus últimos dias, relata sua séria dúvida sobre o Projeto de LDB de sua autoria: os 20 dias a mais de trabalho escolar deveriam ser de aula ou de formação do professor?

De que adianta fazer mais do mesmo, quando este mesmo não está dando certo?

 

nO fim da AEC (Associação de Educação Católica do Brasil)

mComo pergunta o caipira, que só quer entender, na sua pura Metafísica: foi morta matada ou morte morrida?

 

nDa Necessidade da Disciplina

—O que seria de um prédio, se cada operário assentasse o tijolo do seu jeito?

—A disciplina é necessária!

—O que seria de uma orquestra, se cada músico tocasse o que quisesse?

—A disciplina é necessária!

—O que seria de um terminal de ônibus, se as pessoas não respeitassem a fila?

—A disciplina é necessária!

—O que seria do inspetor autoritário se os alunos se rebelassem?

—A disciplina é necessária!

—O que seria do orientador que só pensa em papel, se os professores se recusassem?

—A disciplina é necessária!

—O que seria do professor que não preparou bem a sua aula se os alunos reclamassem?

—A disciplina é necessária!

—O que seria do mercado, se as pessoas deixassem de comprar o que é supérfluo?

—A disciplina é necessária!

—O que seria dos políticos, se a população não elegesse mais gente corrupta?

—A disciplina é necessária!

—O que seria dos meios de comunicação se a população não acreditasse mais em suas mentiras?

—A disciplina é necessária!

—O que seria do senhor, se o escravo se rebelasse?

—A disciplina é necessária!

—O que seria dos empresários, se os operários resolvessem parar por salários mais dignos?

—A disciplina é necessária!

—A disciplina é necessária???

—Que disciplina?

 

In: VASCONCELLOS, Celso dos S. (In)Disciplina: Construção da Disciplina Consciente e Interativa em Sala de Aula e na Escola, 17ª ed. São Paulo: Libertad, 2009.

 

nLógica do Absurdo: Teses sobre a Avaliação pervertida ou sobre a perversão

                                      da Avaliação

Do Caos ao Cosmos

No princípio era o caos. Um dia, o professor descobriu que podia mandar o aluno para fora da sala de aula, que a instituição cuidava de ameaçá-lo com a expulsão. Mais tarde um pouco, descobriu que tinha em mãos uma arma muito mais poderosa: a nota. Começa a usá-la, então, para conseguir a ordem no caos. O caos se fez cosmos, o maldito cosmos da nota...

 

             A situação que vivemos hoje no sistema escolar em termos de avaliação é tão crítica, que gerou uma verdadeira lógica do absurdo. Vejamos algumas destas "pérolas":

             1-Tem sua lógica a escola valorizar muito a nota e dar-lhe grande ênfase, pois, afinal, ela é o que de mais importante ali acontece. A escola precisa aumentar as exigências em relação às notas, para que os alunos a valorizem e estudem mais...

             2-Tem sua lógica a escola montar todo um clima de tensão em cima das provas, pois, afinal, na sociedade também é assim, e a escola tem mais é que adaptar o aluno ao mundo que está aí... (o que ninguém confessa é que logo mais a escola terá matérias do tipo: "Estudos Avançados em Corrupção III", "Seminários de Exploração Alheia II", "Técnicas Contemporâneas de como Levar Vantagem em Tudo IV", etc.).

             3-Tem sua lógica a escola ceder às pressões dos pais e de muitos professores no sentido de não mudar o sistema de avaliação, pois, afinal de contas, sempre foi assim...

             4-Tem sua lógica as escolas usarem o argumento da transferência dos alunos como justificativa de não mudança de suas práticas, pois assim garante-se que nenhuma escola mude e se perpetue o sistema...

             5-Tem sua lógica o professor fazer toda uma supervalorização das notas, pois, caso contrário, não consegue dominar a classe. O professor não pode dar muita nota no começo do ano, caso contrário perde o controle da turma...

             6-Tem sua lógica o aluno ir mal no 4o bimestre, tirando só a nota que precisa, pois está interessado em passar e não em aprender. Trata-se da Síndrome do 4o Bimestre: "Não quero deixar pontos para a secretaria"...

             7-Tem sua lógica o professor só valorizar a resposta certa, pois, na sociedade, é isto que importa. O professor respeitado por pais, alunos e direção, o bom professor, não é aquele que dá boa aula, mas aquele que é "durão"...

             8-O fato dos alunos terem "branco", medo, nervosismo, ansiedade, etc., etc., é tudo culpa deles (e das famílias), por não terem o hábito de estudar todo dia. A escola nada tem a ver com isto...

             9-Os alunos ainda não perderam esta terrível mania de acreditar mais no que fazemos do que no que falamos. Nós falamos toda hora que o importante não é a nota e eles não acreditam, só porque, com relação a provas e notas, fazemos semanas especiais, dias especiais, horários especiais, papéis especiais, dificuldades especiais, comportamentos especiais, rituais especiais, conselhos especiais, assinaturas especiais dos pais, datas especiais para entrega, pedidos especiais de revisão, legislação especial, reuniões especiais com professores e pais, caderneta especial, ameaças especiais através da nota, rotulações especiais em função da nota, tratamento especial para os alunos de acordo com as notas que tiram, etc. Tem sua lógica o aluno dar muita ênfase à nota, pois sabe que, no fundo, é ela que decide sua vida...

             10-É muito comum a prova tipo "Amazona aestiva" (ave psitaciforme, da família dos psitacídeos, mais conhecida como Papagaio); também chamada prova "bate e volta" (bate no aluno e volta para o professor). O professor faz pergunta para ouvir exatamente o que disse na aula. Tem sua lógica o aluno estudar na véspera da prova, na medida em que comumente a prova é decorativa e, como se sabe, o que é decorado fica pouco tempo na memória...

             11-Tem sua lógica os professores fazerem avaliação sem ouvir os alunos, afinal, é assim que eles também são avaliados por seus superiores...

             12-Tem sua lógica o aluno pouco falar e pouco escrever, na medida em que, segundo muitos professores, quanto mais se escreve, mais se pode errar...

             13-Tem sua lógica os pais prepararem os filhos para as provas na base do "questionário", na medida em que é isso que acaba caindo mesmo...

             14-A escola tem desempenhado bem o seu papel, pois recebe crianças curiosas, vivas, alegres e em poucos anos consegue deixá-las indiferentes, obedientes, desgostosas, passivas. Onde já se viu ter alunos fazendo aquelas desagradáveis perguntas: “Qual o sentido do que estou aprendendo? Para que serve isto? Qual a importância disso para meu futuro?”

             15-Antes de mudar o sistema de avaliação a escola precisa pensar bem, pois, se de fato ele melhorar, vai causar desemprego para muita gente que sobrevive do estrago que a nota faz nos alunos: professores particulares, empresas de aula de reforço, clínicas de recuperação, psicólogos, psicopedagogos, etc.

             16-Dizem que um certo ministro da educação, querendo entrar na história de qualquer jeito, resolveu acabar com o sistema de notas e reprovação. Antes, porém, de solicitar Medida Provisória, atendeu a inúmeros pedidos de seus assessores, no sentido de que fosse feito um estudo da repercussão de tal medida na rede escolar. Diante do "Relatório de Impacto Ambiental", o ministro teve que voltar atrás, pois percebeu que entraria para a história sim, mas como aquele que desmoronou o sistema escolar, tal seria a desorientação e o desespero que a ausência de notas provocaria num sem número de professores...

             As afirmações anteriores são desconcertantes, mas lamentavelmente, têm sua "lógica"; expressam o grau de perversão a que chegou a situação de avaliação no sistema escolar. É possível reverter essa situação? O que se pode fazer?

Veja o texto completo em: VASCONCELLOS, Celso dos S. Avaliação: Concepção Dialética-Libertadora do Processo de Avaliação Escolar, 18ª ed. São Paulo: Libertad, 2011.

 

 

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